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terça-feira, 27 de setembro de 2016

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VOCÊ SABE QUAL O RITMO IDEAL PARA PERDER PESO?

Fazer exercícios na intensidade certa pode ajudar você a detonar muito mais gordura


Durante muito tempo, era comum ouvir que o exercício aeróbico leve/moderado era o mais indicado para queimar gordura. Porém, de uns anos para cá, muitos especialistas passaram a defender que, na verdade, a atividade física intensa é que é a ideal para quem deseja perder peso.
Diante desse bombardeio de informações conflitantes que recebemos dos mais diferentes lugares, fica difícil saber quem realmente está certo, não é? Pois bem, chegou a hora de esclarecer melhor essa história, com base nos artigos mais importantes já publicados sobre o assunto.
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Derrubando mitos
Primeiro, é importante você entender o que acontece no seu corpo quando você anda, corre, pedala ou faz qualquer outra atividade aeróbica. Então vamos lá… Em repouso, a energia necessária para seu organismo realizar as reações fisiológicas vem 80% da gordura e 20% dos carboidratos. Conforme a intensidade do  exercício aumenta, essa relação muda e você passa a usar mais carboidratos. O motivo é bem simples: para o corpo, é muito mais rápido quebrar o carboidrato, que tem seis átomos de carbono, do que a gordura, que possui 16. Ao fazer uma atividade a 55% da sua intensidade máxima (VO2 máx.), seu combustível já passa a vir 50% dos carboidratos e 50% da gordura. A 90% da intensidade máxima, 90% da energia usada é proveniente dos carboidratos e só 10% vem da gordura.


Sabendo disso, parece ser bastante óbvio que treinos em intensidade leve são muito melhores para detonar gordura, certo? Errado! Isso porque, os 80% de gordura gastos em um exercício de baixo consumo energético tendem a ser menor do que os 20% em uma atividade que requer muito mais combustível. Ou seja, para você perder peso, o mais importante é a quantidade de calorias usadas durante o exercício. E quanto mais intensa for a atividade física, maior a queima calórica.
Como funciona na prática

Vou pegar como exemplo uma mulher de 70 kg que vai começar a correr para perder peso. Para descobrir as calorias que ela vai gastar, temos de calcular a quantidade de oxigênio (O) consumida no treino.

Para isso, vou usar fórmulas consagradas na medicina esportiva, que dão um resultado próximo à realidade (para ter informações precisas, seria necessário um exame ergoespirométrico).

Primeiro, vou supor que nossa atleta irá fazer uma atividade em ritmo leve. Uma caminhada de 60 min a 5 km/h.
Consumo de Ona caminhada = 0,1 x velocidade (m/min)
Ao converter a velocidade dela para metros por minutos, temos 83,33 m/min. Logo, o consumo de Oserá de 8,33 ml/min/kg.
Se multiplicarmos essa valor pelo peso da mulher (70 x 8.33), chegamos a um consumo de 583 ml/min de oxigênio. Em 60 minutos de exercícios, ela utiliza 34,98 litros de O2. A cada litro de O2queimamos 5 calorias.
Logo, a mulher gastou cerca de 175 calorias no exercício.
Como a atividade foi leve, dá para supor que 70% dessa energia veio da gordura (122 calorias) e 30% dos carboidratos (53 calorias).
Agora, vamos fazer essa mulher correr em um ritmo forte, a 9 km/h (150 m/s), também por 60 minutos.
Consumo de Ona corrida = 0,2 x velocidade (m/min)

Nessa atividade, ela consome 30 ml/min/kg de oxigênio.
Vezes seu peso (70 kg), chegamos a 2.100 ml/min. Portanto, em 60 minutos, ela utiliza 126 l de O2. Como são gastas 5 calorias por litro, ela queima 630 calorias na corrida. Pelo fato do exercício ter sido intenso, a atleta consumiu como fonte de energia 30% de gordura (189 calorias) e 70% de carboidratos (441 calorias). Ou seja, a queima de gordura dela ao correr em ritmo forte foi 50% maior do que ao caminhar! E não é só isso. Por ter gastado muito carboidrato (glicogênio) durante a atividade física, quando essa mulher for se alimentar, ela irá primeiro repor o glicogênio intracelular consumido para só depois acumular gordura no corpo. Ou seja, isso pode gerar um emagrecimento ainda maior.
Entendeu por que é um mito dizer que o exercício leve queima muito mais gordura do que o intenso? Diante disso, o grande desafio de médicos do esporte e educadores físicos é fazer com pessoas que querem emagrecer consigam correr em ritmo forte sem colocar as articulações em risco, pois o sobrepeso aumenta muito o impacto. Uma alternativa pode ser investir em treinos intervalados ou, inicialmente, em atividades com menor impacto, como bike, natação, remo etc.

.com/blogger_img_proxy/*Dr. Fellipe Savioli é ortopedista,
especialista em medicina esportiva,
fellow (membro) da Steadman-Hawkins
Clinic, no Colorado (EUA) e triatleta.
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